Menú de Contenidos
Conscientes da importância que a tecnologia está a ter no desenvolvimento do sector do turismo e da hotelaria, a partir da Turijobs continuamos em contacto com profissionais que têm uma visão especializada sobre o futuro do setor a partir do prisma da tecnologia e da inovação. Hoje falamos com Maryam Grigoryants, Diretora do Mestrado em Turismo e Marketing Digital da IEBS ( Innovation & Entrepreneurship Business School).
De que forma afetou a tecnologia o turismo?
A tecnologia transformou completamente a indústria do turismo em todos os aspectos. Um dos principais impactos é o empoderamento do viajante. A tecnologia permitiu que o viajante fosse muito mais informado e assumisse um papel proativo na organização da viagem. Agora, o turista é muito mais exigente, tem várias opções de escolha e tem poder de negociação. Também se tornou não apenas um mero visitante, mas um gerador de conteúdo que partilha com outros viajantes. Desde plataformas como o Tripadvisor que permitem que deixar opiniões e avaliações, blogs de viagens onde se partilham experiências e redes sociais onde se publica tanto o bom como o mau da viagem. Esta participação ativa do viajante e as suas altas expectativas em termos da experiência que querem viver coloca pressão sobre as empresas de turismo para oferecer melhor qualidade, mais variedade, inovação e evolução contínua.
Além do fator de empoderamento do viajante, o impacto da tecnologia no turismo vai mais longe.
Por um lado, a tecnologia e a internet permitiram expandir os canais de distribuição. Uma agência de viagens pode atualmente oferecer os seus serviços a qualquer usuário da internet que navega na rede. Nos velhos tempos, os potenciais clientes eram os que passavam pela agência de viagens.
Por outro lado, a implementação interna da tecnologia permite que as empresas de turismo sejam mais eficientes. Podem realizar orçamentos de uma forma quase imediata. Têm acesso a muitos mais produtos com menos esforço. E muitos processos foram simplificados graças à tecnologia.
Além disso, a digitalização dos registos facilitou a recolha e análise de dados por meio de estratégias de Big Data que permitem conhecer melhor os clientes, fechar vendas e fidelizá-los.
Outra das consequências da implementação de tecnologia no sector do turismo foi a de que as empresas que não conseguiram adaptar-se, ou não realizaram a implementação de forma otimizada, falharam e em muitos casos tiveram de encerrar. A falta de digitalização tem sido um importante travão neste mercado competitivo.
Quais são as principais tendências que marcaram o turismo?
Sem dúvida, uma das grandes tendências da última década, que foi possível graças à tecnologia, foi descobrir os destinos por contra própria. Os pacotes organizados mudaram-se para segundo plano, ao contrário dos pacotes dinâmicos que permitem reservar serviços soltos e combiná-los ao gosto do viajante.
Além disso, o acesso a mais informação criou o desejo de conhecer destinos de uma maneira diferente. Não ser um mero observador, mas viver a experiência e conhecer o destino como um local. Evitando as atividades turísticas típicas e procurando outras mais típicas dos locais.
Mas é claro que esta não tem sido a única tendência nascida a partir tecnologia. Dede App’s de reservas, a hotéis inteligentes ou Smart Cities. O viajante organiza e gere todas as fases de sua jornada através de seu smartphone.
Precisamente destas novas tendências do turismo, e das soluções tecnológicas nascidas como resultado dessas tendências falamos na nossa Pós-Graduação em Marketing e Gestão do Turismo 4.0.
Quais são as principais dificuldades na implementação de soluções tecnológicas?
As novas oportunidades de negócios nascidas graças aos avanços tecnológicos têm sido exploradas por empreendedores digitais dispostos a modernizar e digitalizar o setor do turismo. Num primeiro momento descobriram que dentro da cadeia de distribuição, havia grandes empresas que geriam grande parte do mercado e não estavam a priorizar a implementação da tecnologia. Estamos a falar de empresas tradicionais, com larga idade e estruturas complexas que precisaram de tempo para reinventar-se e inovar. Portanto, os novos players da cadeia não avançavam no ritmo desejado porque outras empresas envolvidas na cadeia de distribuição não tinham a tecnologia necessária.
Por exemplo, durante anos, as agências de viagens online não puderam integrar-se com determinados operadores turísticos porque estes não tinham a tecnologia necessária.
Outro dos travões foi o desconhecimento. Dentro das empresas tradicionais há uma falta de perfis especializados em tecnologia que conheçam as oportunidades abertas pela Internet e pela digitalização da empresa. Portanto, há também uma falta de conhecimento sobre como realizar esses processos.
Além disso, não se deve esquecer que os anos em que a tecnologia experimentou os maiores avanços coincidiram em parte com a crise económica que começou em 2008. E as empresas de turismo foram duramente atingidas pela crise. A sua batalha nessa época era sobreviver. E muitas não podiam dar-se ao luxo de fazer um investimento económico em tecnologia. Podemos, portanto, dizer que o custo económico da implementação tecnológica também foi um travão.
Estes obstáculos estão atualmente a ser superados. Os profissionais estão a formar-se para enfrentar novos desafios e aprender a harmonizar a essência do turismo e da tecnologia. A implementação tecnológica no sector do turismo continua a avançar e a melhorar. As grandes empresas perceberam que, sem tecnologia, se tornarão obsoletas e estão a apostar na inovação com tudo o que isso implica. Desde a incorporação de novos perfis tanto tecnológicos como de marketing, até à contratação de empresas de desenvolvimento de software e ferramentas necessárias para aproveitar ao máximo as oportunidades tecnológicas.
Que novas oportunidades profissionais oferece a tecnologia?
Para os profissionais do setor do turismo a tecnologia tem proporcionado grandes oportunidades. Muitas empresas de turismo digital foram fundadas e lideradas por especialistas em tecnologia, mas não em turismo. Portanto, há uma falta de conhecimento do setor dentro das empresas. Profissionais do turismo que conhecem o funcionamento de uma empresa digital, ou profissionais digitais que conhecem a indústria do turismo, são muito procurados.
Por outro lado, a conveniência de gerir as diferentes fases da viagem a partir do computador ou do smartphone, criaram oportunidades para muitas empresas para chegar ao viajante através de apps.
O desejo de aproximação à cultura local dos países de que falava anteriormente criou novas oportunidades para empresas e profissionais oferecerem serviços que antes não eram procurados.
E as oportunidades continuam. Novas tendências geram novas necessidades. Os profissionais precisam de estar vigilantes e informados para aproveitar o momento e atender a essas novas necessidades com ideias inovadoras.
E este é precisamente o nosso papel na indústria. Treinamos profissionais que conhecem e dominam os perfis atuais dos viajantes e as novas tendências, sabendo como usar e implementar tecnologia em empresas de turismo.
O que reserva o futuro para o turismo?
Era bom que o conseguíssemos saber com certeza. Mas o setor continua a evoluir e a estabilizar. O que está claro é que o futuro do turismo anda de mãos dadas com a tecnologia. Do ponto de vista dos negócios, vemos que as empresas tradicionais adaptadas às novas tendências coexistirão no mercado com as empresas digitais que nasceram com um ADN tecnológico. Do ponto de vista do turista, vemos que se procura uma boa relação entre qualidade-preço, conforto e rapidez. Portanto, as empresas têm de satisfazer essas necessidades, e irão fazê-lo através da tecnologia. A tecnologia permite estar em contato constante com o cliente, conhecer melhor os seus gostos e preferências e oferecer soluções personalizadas de uma forma rápida.
Encontre centenas de oportunidades profissionais na Turijobs.
Ler mais:
Leave a Reply