Como superar a quarentena: dicas e recomendações de um psicopedagogo clínico

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Estamos a viver uma crise sanitária e fomos apanhados de surpresa. Muitas pessoas em Portugal uniram-se ao movimento #euficoemcasa (#stayhome) desde a semana passada, estando muitos a ter vídeo-aulas ou a fazer teletrabalho. A quarentena ainda mal começou… No entanto, estamos preparados psicologicamente para esta situação? Como superá-la? Entrevistamos Óscar Blázquez, psicopedagogo clínico, que nos dá algumas recomendações para manter a mente sã durante a quarentena.

No sábado passado, o governo espanhol declarou estado de emergência para os próximos 15 dias em Espanha e o mesmo poderá acontecer em Portugal. Óscar, como psicopedagogo clínico:

Como pensa que nos vai afetar o facto de quase não poder sair de casa durante esta quarentena?

Está claro que esta nova situação, desconhecida e nova para todos, vai despertar velhos fantasmas. As pressas, o stress, o estar sempre ocupado… o ritmo de vida a que nos acostumamos vai ser faturado nestes dias, quando muitos de nós nos levantarmos, olharmos para o relógio e pensarmos “e agora o que faço?”.

Não saber o que vai acontecer ou não ter uma agenda diária, não poder sair à rua, estar com a nossa rede social ou simplesmente não ir trabalhar vai fazer com que aspetos como a ansiedade, a falta de ar ou a exaustão se acentuem notavelmente. Sem contar, obviamente, com todas as pessoas que já estavam a receber ajuda psicológica ou terapêutica antes de tudo isto começar.

Num tweet seu dizia que durante estes dias podemos experienciar ansiedade, exaustão, stress, …

Que sintomas podem mostrar que a quarentena nos está a afetar psicologicamente? E o que devemos fazer?

O primeiro sintoma será ao nível do coração. Muitas vezes aparecerão pequenas taquicardias ou pequenas picadas. O corpo fala e esse já é um aviso que algo não está bem.

Em segundo lugar, se ignoramos estes sinais, atuará ao nível dos pulmões. Sensação de falta de ar, ou contrariamente, hiperventilação, sinal de que algo está mal e não podemos controlá-lo. É aí que a ansiedade ou o stress começam a aparecer.

E isto, claramente, será reflexo da nossa qualidade de sono. Insónias, pesadelos ou acordar com sensação de cansaço serão outros sintomas.

O nosso cérebro está programado para saber o que vai acontecer. E nós programamos os nossos dias sabendo o que vai acontecer, salvo os imprevistos. O principal problema a que estamos a ser expostos é que agora isso não ocorre. Temos 15 dias pela frente sem nada planeado para fazer. E aí é onde começa a ir tudo por água abaixo. É por isso mesmo que aconselhamos a ocupar a cabeça. Coisas tão simples como apontar, cada manhã, dez coisas que podemos fazer, e agendá-las para o dia. Desta forma o cérebro sabe que tem funções a desempenhar, relaxa e deixa de se sentir tão ansioso e inquieto.

Devemos pensar em todas as coisas que nunca fazemos porque não temos tempo: ler, conversar com a nossa família, ligar aos entes queridos, jogar jogos de mesa… é o momento ideal para potenciar a nossa criatividade.

Para todos aqueles que durante os próximos dias têm que teletrabalhar nas suas casas que recomendações daria? É importante ter uma rotina?

É importante manter uma atitude de trabalho. Ou seja, tendo em conta que vamos trabalhar em casa, não o fazer sem tomar um banho, em pijama e com o pequeno almoço ainda na mesa.

Ainda que tenhamos de trabalhar a partir de casa, é melhor para a nossa saúde mental seguir uma rotina: levantar, tomar um banho, comer algo e depois começar a trabalhar.

Obviamente não é necessário estar com roupa forma, mas é importante não ficar de pijama e vestir outra coisa. Essa é a mensagem clara que temos de dar ao nosso cérebro “Estou em casa, mas vou trabalhar, não vou dormir”. Ainda assim, também é importante respeitar horários de descanso.

Durante o fim de semana, vimos nas redes sociais diversas ideias para superar a quarentena.

Quanto tempo acredita que a nossa mente aguenta neste estado de confinamento?

A nossa mente vai passar por quatro etapas. Obviamente nem toda a gente vai passar por estas quatro, ou então as experienciará no mesmo ritmo, mas a grande maioria será assim.

A primeira, que é a que estamos a deixar para trás é a da incredulidade. Não nos acreditamos no que se está a passar, soa tudo muito distante, parece um filme até. Esta é a fase que faz com que as pessoas não respeitem as regras ou não acredite no que vê nos meios de comunicação.

A segunda fase é do pânico. Aqui começamos a ser conscientes da gravidade. Já não é algo distante, já conhecemos alguém contagiado ou um amigo de um amigo… o assunto está mais próximo e o medo apodera-se de nós. Vemo-nos fechados em casa, sem poder sair, a perder o nosso posto de trabalho ou a trabalhar em casa… a realidade muda num par de dias e a cabeça e a saúde deixam de estar em bom estado.

A terceira é a da ordem. Vamos levar vários dias ou semanas assim e o nosso cérebro, que se adapta a qualquer situação, terá normalizado esta nova realidade. Aprendemos a viver ou a levar estas circunstâncias da melhor maneira até que passe.

E, por último, a da desconfiança. Uma vez que tudo isto passe, devemos ter consciência que haverá outro problema: as consequências. A população não vai acreditar que tudo terá passado. Provavelmente vamos andar com medo, sem querer sair, com medo de mandar os nossos filhos de volta para as escolas, etc.

Para terminar, que recomendações dá para tornar os próximos dias mais fáceis?

É hora de nos autoconhecermos. Temos que pensar em tudo que podemos fazer a partir de casa e que as novas tecnologias facilitam. Podemos começar a cozinhar coisas diferentes, aprender yoga, aprender a meditar e também aprender uma nova língua. É importante manter a cabeça ocupada, fazer exercício e, como dizia anteriormente, fazer uma lista de coisas e atividades que podemos fazer.

E para todos aqueles que vivem em casal ou em família, é o momento ideal para reconectar com eles. Falar com as pessoas com quem vivemos, conhecer algo mais sobre eles, etc.

É altura de abrir um novo caminho: à criatividade, à comunicação e ao amor.

Vamos guardar todas as saudades dos abraços para o dia de amanhã, que vai chegar. Voltarão os abraços, as conversas a dois centímetros de distância, os risos das crianças nos parques, as cervejas nas esplanadas… Tudo isso vai voltar. Até lá vamos ter calma e cuidado.

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